Embora o colofão desta cópia manuscrita de al-Urjūzah fī asbāb al-ḥumīyāt wa ’alāmātihā (Poema sobre as causas e os sintomas da febre) apresente como autor Abu ʻAli Husayn Ibn Sina (nascido em Bucara em 980, falecido em Hamadan em 1037; conhecido no Ocidente latino como Avicena), a verdadeira autoria permanece incerta. Em diversos casos a citação de obras médicas de Ibn Sina é duvidosa, já que muitas dessas obras comumente atribuídas ao polímata persa ainda precisam ser estudadas e autenticadas como de sua autoria. Ibn Sina foi chamado por seus sucessores no mundo islâmico como al-Shaykh al-Ra’īs (o proeminente estudioso), em razão da grande variedade de tópicos estudados e tratados por ele, mas na Europa sua fama se dá principalmente por suas obras médicas, especialmente al-Qānūn fī al-ṭibb (O Cânone da Medicina), que foi traduzido para o latim e permaneceu no currículo padrão para estudantes de medicina na Europa durante séculos. Duas das outras obras médicas de Ibn Sina foram traduzidas para o latim e também era bem conhecidas na Europa, al-Adwīya al-qalbīya (Medicação Cardíaca) e seu tratado sobre medicina al-Urjūza fī al-ṭibb (Manual Versificado sobre Medicina). Foi devido à popularidade dessas três obras que Ibn Sina se tornou conhecido no Ocidente latino como princeps medicorum, ou “príncipe dos médicos”. Al-Urjūzah fī asbāb al-ḥumīyāt wa ’alāmātihā não consta nas consagradas listas das obras de Ibn Sina, embora a palavra “al-Urjūzah” apareça em seu título como al-Urjūzah fī al-ṭibb, uma forma mais certificada. Essa palavra se refere ao gênero de texto versificado (de modo geral, mas não exclusivo, escrito sobre temas médicos). Neste “Poema sobre as causas e os sintomas das febres”, a breve introdução, em que o autor agradece a Deus e oferece bênçãos ao profeta Maomé, é seguida por 24 seções, tratando temas gerais como causas de infecção e abordando doenças específicas, como febre contínua (sūnūkhus, do grego synochus), febre remitente (al-diqq), e febre recorrente ou ondulante (excepcionalmente febre alta, qūsūs). O copista registrou seu nome como Muhammad al-Tabib, (ou seja, Maomé, o Médico) e afirma ser residente de Beirute e originário da Síria (al-shām [sic] nasaban wa al-bayrūt maskanan). O manuscrito, que contém 260 versos, tem títulos rubricados e é ornamentado com uma folha de trevo que separa os hemistíquios em cada verso. Ele foi concluído “ao meio-dia, na bendita quarta-feira do 14º dia de Jumādā II do ano 1071 A.H.” (14 de fevereiro de 1661).